segunda-feira, 28 de março de 2011

O Porquê das coisas.

Ser você mesmo é algo lamentavelmente muito difícil nos dias atuais, é que para  certas conveniências é preciso despir-se de si mesmo e adotar uma outra personalidade mais apropriada para o momento.
Não se pode demonstrar qualquer emoção, pois isso pode significar que você é um fraco, e de pessoas fracas o mundo moderno e globalizado já  não precisa. Podem confundir suas lágrimas com algum vazamento na base dos olhos ou a interferência de algum cisco que precisa imediatamente ser removido para não causar maiores estragos a sua aparência. O ser não pode ser falho, fraco.
Sejamos francos, isso existe de fato? realmente existe alguém que consiga ficar as 24 horas do dia usando uma máscara e viver segundo o que lhe é mais conveniente? Embora desejasse acreditar que isto não é possível, lamento, mas existem pessoas que conseguem. Parabéns para elas.
Como agora, depois de tanto tempo de germinação, quando  quase sinto a membrana que cobre minha semente se romper, alguém dizer que preciso deixar de ser semente de uma singela flor do campo e devo transformar-me em uma majestosa rosa púrpura? Como pode uma lagarta ainda em seu casulo deixar de ser borboleta para ser algo que os outros julgam necessário?
Como dizer a um beija flor que ele deve cobrar por todas as visitas feitas as  simples flores de um jardim público?
Como dizer à um arco-íris que ele não precisa mais aparecer no céu, que isso é algo fugaz?
Como pedir para que as gotas de chuva caiam sobre a terra de maneira regular, uma a uma sem nunca no chão elas se encontrarem em uma poça, onde as crianças brincam enlameadas?
Como dizer a lua, que ela durante a noite não precisa mais aparecer no céu, pois sua função, já não se faz necessária e ao sol que sua presença não é mais importante para nossa sobrevivência neste planeta?
Como dizer à mim que devo deixar de ser romântica, esquecer minha essência, deixar de ser eu, para ser puramente mais um ser  em busca de realização financeira sem levar em conta o que realmente move minha vida? Não serei hipócrita, o dinheiro sim, paga minhas contas e põe alimento em minha mesa, mas  nem só de pagamento de contas e de alimentos a mesa vive minha alma. Se minhas contas forem quitadas  e minha mesa estiver farta do mais nutritivo alimento, e eu não possuir mais minha essência, este alimento não alimentará meu corpo, que inerte permanecera até a morte, feito árvore cortada antes de produzir os primeiros frutos.


Valdinea.

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