Rotina
Em plena manhã de domingo
ao despertar preguiçosamente ouviu-se uma voz rouca que sussurava:
Acorda para vida Antonia.
A cama desarrumada
Lençóis jogados ao léu
A manhã talvez fosse azul
Se não fossem as nuvens negras no céu.
O sinal da fábrica grita apavoradamente
A fila se forma
Uniforme de todas as cores
As pernas correm apressadas
Resta-me uma pergunta
Que se cala sem resposta.
Atrás da mesa um careca
Que metodicamente bate
sobre ela uma caneta esferográfica
Acuda-me Deus nosso Senhor
Tu que tudo sabes a meu respeito
Se eu não me chamasse Antonia
Por certo chamaria Trabalho
Mas uma coisa não rima com a outra
E quem disse que para ser poesia é preciso ter rima ?
Melhor mesmo uma bebida
Para fazer-me esquecer que amanhã é segunda
E segunda também não rima com Antonia,
só com Raimunda.
Valdinéa França
Amo poesia!! Por isso é interessante termos espaços como o seu!! Um beijo carinhoso, obrigada pelo comentário, tem selinho pra vc no espaço educar!! Beijo de luz!!
ResponderExcluir